29 July 2008

Ver e ouvir... sentir

O fim-de-semana começou bem, com esta exposição dedicada a Le Corbusier, que já andava há uns tempos para ir ver. Desconhecia a sua obra enquanto pintor e escultor, e confesso que aquilo que vi não me disse grande coisa (gostei dos desenhos!), mas a exposição é imperdível; vai estar patente até ao dia 18 de Agosto e recomendo-a vivamente. Le Corbusier era, sem dúvida, genial. A sua obra arquitectónica e a sua filosofia do design são absolutamente fascinantes. Um “visionário” na sua época, continua a ser um modelo e fonte de inspiração mesmo para os mais audazes.


Audácias à parte, uma tarde caseira, com visita da Y. e do M. para “um refresco”
: )


Jantar em muito boa companhia, Susana e JP, Rita e Luís, sem registo fotográfico do momento (o que se mostra é de Março), mas com direito a uma vista fabulosa sobre o mar ao fim da tarde.

Ainda não consigo conviver muito bem com o que fizeram ao Fateixa; esperava que o recuperassem mantendo alguma coisa de outrora... mas tenho de admitir que a sangria estava óptima e a pizza também não estava nada mal.


Noite coroada em beleza pela voz magnífica do Caetano... maravilhoso... lindo, indescritivelmente marcante Caetano... irresistível...


...

Eu para falar do Caetano não encontro palavras que cheguem... ouvi-lo ao vivo é sempre sinónimo de cara lavada de lágrimas completamente incontroláveis... é, para mim, uma voz quase mágica... indescritível...



Tem sido assim desde a primeira cassete que o P. me ofereceu, em 84 : )

Os anos passam, a voz dele emociona-me sempre cada vez mais e, sem saber, o Caetano tem acompanhado a nossa história... mais do que isso... tem feito parte dela de forma indelével.

Mas essa é uma longa história, ainda em curso, de que, inevitavelmente, irão surgindo por aqui alguns fragmentos ;)

20 July 2008

O parque, o poeta e o mel







Os pássaros nascem na ponta das árvores

As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros

Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores

Os pássaros começam onde as árvores acabam

Os pássaros fazem cantar as árvores

Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se

Deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal

Como pássaros poisam as folhas na terra

Quando o Outono desce veladamente sobre os campos

Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores

Mas deixo essa forma de dizer ao romancista

É complicada e não se da bem na poesia

Não foi ainda isolada da filosofia

Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros

Quem é que lá os pendura nos ramos?

De quem é a mão a inúmera mão?

Eu passo e muda-se-me o coração








16 July 2008

Ready, steady, go...

... e lá foram...


Para a Anica


Para a Jóhny


Para a Anocas


Para a Carolina


15 July 2008

Da soleira da porta à areia da praia


É do tempo em que ainda não existia ISBN, “herdei-o” quando comprei a minha primeira casa e tenho andado a lê-lo... embora não exactamente para adormecer. São histórias breves ou fábulas de três ou quatro páginas, que têm sabor a infância e a serões passados à conversa sentados na soleira da porta, nas pausas entre correrias ou jogos das escondidas... fazem lembrar tempos idos e trazem-me sempre também recordações de aconchego, das danças guiadas pelos pés dos avós, que eram capazes de rodopiar comigo como se eu não tivesse peso, e da sua paciência e sorrisos sempre disponíveis, apesar das insistentes “Outra vez! Outra vez!!”.
Naquela altura contava-se contos em família, ou entre amigos e vizinhos, cá fora, ao crepúsculo... e noite dentro...

Esta vivência do conto como algo, em certa medida, comunitário começa a regressar às nossas vidas, embora ainda integrada em cartazes de eventos culturais e com hora marcada. Mas é um bom (re)começo.

Um excelente exemplo deste contar para a comunidade aconteceu recentemente em Oeiras. O festival Ondas de Contos, já na sua terceira edição, ocorreu no passado dia 27 de Junho na Praia da Torre. Previa-se que terminasse à meia-noite, mas prolongou-se muito para lá dessa hora... não se resiste aos contos, mas com o frio, o vento e o soninho, muitos tinham já abandonado a praia quando, já depois da uma da manhã, Tim Bowley subiu ao palco.
É certo que estava já muito cansada e com frio, mas com a companhia da Anica e da Carolina (que estava decidida a não perder pitada daquele serão!) fui-me deixando ficar...

E valeu a pena... o Tim Bowley é um contador delicioso, as frases ritmadas, a expressividade nos gestos, no rosto... é totalmente cativante. Cativou-me na primeira vez que o ouvi, vai para mais de cinco ou seis anos em Coimbra, acompanhado pela fabulosa Casilda Regueiro, uma galega de ar genuíno, espontâneo, que vai traduzindo com uma expressividade impressionante as histórias que ele vai contando. São uma dupla irresistível. Nesse ano vi-os duas vezes; em Coimbra, nos Encontros sobre o Conto, e em Montemor, no castelo, à volta de uma fogueira, num daqueles cenários dos contos que sabe bem contar e ouvir contar.

Também neste encontro, ouvi pela primeira vez a Cristina Taquelim. Gostei imenso de a ouvir contar. Senti-me “em casa”. A história da velha que tinha uma figueira à porta de casa é absolutamente fantástica.

Gostei muito, muito, muito de uma outra contadora, que se apresentou pela primeira vez, a Margarida Vieira. Contou a história d’ “A girafa que comia estrelas”, de José Eduardo Agualusa... uma delícia esta história e uma doçura a contadora.

Foi saborosa esta noite de contos na praia, acompanhada pela segunda fornada de bolachinhas de alfazema da história do forno cá de casa :)